As muitas mortes de Laila Starr foi publicado pela Boom! Studios em 5 partes, com roteiro de Ram V e tem a arte por Felipe Andrade. O quadrinho é lindo, tem uma arte e cores sensacionais. Toda essa qualidade fez Ram V ser indicado ao Eisner como melhor roteirista por esta história no ano passado, temos um Hall da fama aqui, meus amigos!
Temos aqui a história da Deusa da Morte, possivelmente a Deusa Kali, Deusa indiana da morte. Um dia, ela é chamada por seu superior, Brahma (Bom ressaltar que eles não recebem esses nomes no quadrinho, acrescentei apenas para exemplificar), para comparecer ao seu escritório. Com um diálogo super divertido que se assemelha ao Rh de uma empresa, o Deus pergunta casualmente a quanto tempo ela está ali, o que tem feito, uma conversa que antecede seu maior temor: Sua demissão!
A mulher, que nunca foi uma humana, e esteve a eternidade apenas levando almas, agora é surpreendida pela notícia que uma criança estava prestes a nascer, e ela seria responsável pela imortalidade na Terra, sendo assim, os serviços da Deusa não seriam mais necessários.
Em frenesi de raiva e desespero, Morte se enfurece, o que ela faria vivendo como uma humana depois de ter contemplado a eternidade? Inconformada e nada disposta a aceitar seu novo destino, a deusa pede um último favor a um colega de trabalho: reencarnar próximo do nascimento do bebê responsável por sua ruína. Mas, será que mesmo a Morte conseguiria ceifar a vida de um inocente bebê, agora que está em sua forma humana?
Múltiplos acontecimentos circundam a saída de Morte do seu mundo, vindo para a convivência dos mortais, o nascimento do menino Darius, a morte de uma jovem, e reencarnação de uma Deusa em corpo recém abandonado pela vida. E é aqui que nossa história começa.
Infelizmente Ram V não se aprofunda nesse cenário da cultura indiana, seus Deuses e costumes, essa premissa permite uma história bem mais complexa, que agregue conhecimento, além da história em si. Mas, isso não é uma crítica, a história nos conquista pela simplicidade de sua mensagem ( A verdadeira “As muitas mortes de Laila Starr” são os amigos que fazemos pelo caminho).
E por falar em mensagem, a mensagem aqui é passada de todas as formas possíveis para nossa personagem. Em sua primeira reencarnação no corpo da jovem Laila, a Deusa Morte tem um encontro com uma garotinha fantasma, que a auxilia a sair de uma enrascada ao tentar tirar a vida do bebê Darius. E em todas as vezes que a Deusa retorna, consegue se comunicar com um ser que não seria possível para um humano. Faz amizade com um Corvo, símbolo da morte, tem sua história narrada por um cigarro, tem uma conversa e recebe abrigo de um templo.
Laila, acaba perdendo sua vida a cada vez que tenta desesperadamente perseguir sua obsessão: encontrar e exterminar Darius. E não percebe o tempo correr ao seu redor enquanto busca por seu objetivo.
Essa foi minha última leitura do ano, e posso dizer que fechei com chave de ouro. As muitas mortes de Laila Starr me emocionou bastante, a história que antes divertida, me fez encerrar suas páginas com lágrimas nos olhos, mas não de tristeza, mas uma emoção genuína.
Aqui, em uma história simples, bela, e também divertida, vemos que até mesmo a Morte tem muitas lições para aprender, e seu tempo na Terra cortejando o mundo humano, encheu sua “vida” de significados. De forma bem subjetiva, ela nos apresenta todas as coisas que deixamos passar ao estarmos obcecados por algo, cegos e sem ver a verdadeira essência da vida que está ao nosso redor, e todas coisas importantes, às pessoas, o tempo que passamos com elas, ou deixamos de passar…
E você? Já leu As muitas mortes de Laila Starr? Deixe sua opinião pra mim! Até a próxima 😉