Dentro da mitologia dos super-heróis sempre houve duas categorias principais: heróis e vilões. A linha que separava estes dois polos tinha uma demarcação clara, cada um possuía um conjunto de características que compunham a cartilha super-heróica. Conjunto esse composto de clichês que foi seguido pela indústria por longo tempo.
Mas existiram exceções. Na Marvel, por exemplo, as duas primeiras personagens, criadas na década de 1940, foram anti-heróis: Tocha-Humana (original) e Namor, o príncipe submarino. A DC, por outro lado, se manteve conservadora por mais tempo até que o grande Jack “Rei” Kirby criou Etrigan, o demônio. Um ser ligado à mitologia do Rei Artur e que expressava-se por meio de rimas. É difícil precisar exatamente quando e onde ocorreu essa ruptura arquetípica, mas ela foi importante não só para a evolução do conceito desse universo, mas para a melhora na qualidade dos roteiros também.
Conhecido, incialmente, apenas como uma “versão maligna do Shazam” — antigo Capitão Marvel —, Adão Negro, que já possuiu diversos alteregos (reencarnações), foi o primeiro campeão a ganhar os poderes do Mago Shazam e a receber a alcunha de “o mortal mais poderoso da Terra”. Apesar de toda a transformação que sofreu desde 1945, época de sua criação, a motivação do vilão se manteve: um homem que recebeu os poderes do Mago (hoje inserido no panteão da Quintessência), mas que sucumbiu a eles. Enquanto Marv… ops… Shazam evocava as habilidades e características de divindades gregas (com exceção de Salomão), Teth Adam extraia seus poderes dos deuses egípcios.
Podemos dividir as encarnações e origens do vilão em três: pré-crise (incluindo a versão da Fawcett), pós-crise, e pós-zero-hora. Todas elas possuem poucas alterações entre si. Estão relacionadas mais aos poderes e a versão humana dele (Teth/Teo Adam). A última versão foi readequada à original quando foi feita a exclusão da necessidade do escaravelho para se transformar. E também foi introduzida a versão “Família Marvel” para o universo dele, com Isis, no papel de amada, e Osiris, o filho/cunhado. Há consenso entre os leitores de que foi a partir da inclusão dele na Sociedade da Justiça da América que a personalidade foi ganhando forma. Pode-se dizer que foi Geoff Johns quem delineou os antiheróis da DC a partir dos anos 2000. De vilão caricato e bobalhão, tornou-se alguém temido e respeitado, com motivação própria — algo semelhante ao que foi feito ao Sinestro. Tornou-se membro interino de uma Liga da Justiça originária, formada por celebridades históricas do universo DC: Hypólita, Adão Negro, Príncipe Viking e uma versão ancestral do Monstro do Pântano.
Atualmente, está sendo publicada uma série da personagem nos EUA. Ela iniciou em junho (2022) e propõe algumas mudanças. O enredo agora fala sobre redenção, o denota a intenção de humanizar o vilão, transformando-o, de vez, em anti-herói, algo semelhante ao que tem sido feito com o Exterminador. Quanto ao filme (2022), tudo indica que será muito próximo da versão atual do (ex)vilão, mas que também terminará como um anti-herói.
O Review
Promoções
Nós coletamos informações de várias lojas para lhe passar as melhores ofertas