Com a ascensão dos serviços de streaming e o lançamento da Disney+, a Marvel Studios expandiu seu catálogo antes limitado somente a filmes, para séries, animações e especiais, tudo sendo entregue diretamente no serviço citado. Desde então, tivemos nove adaptações (dez se incluirmos os curtas do Groot lançados em agosto deste ano), entre séries, animações e um especial. Entre as diversas produções tivemos Mulher-Hulk: Defensora de Heróis (She-Hulk: Attorney at Law, no original), adaptação da personagem de mesmo título.
Conforme a descrição da própria Disney+, “em ‘Mulher-Hulk: Defensora de Heróis’ da Marvel Studios, Jennifer Walters – uma advogada especializada em casos envolvendo super-humanos – deve lidar com a complicada vida de uma mulher solteira de trinta e poucos anos que por acaso é uma hulk superpoderosa de 2 metros”.
Diante de tantas adaptações, os telespectadores logo definem quais acharam melhores e piores, criando o seu ranking pessoal. Cada produção atingiu o público de alguma forma e dificilmente se encontrará unanimidade sobre qual é melhor ou pior. Principalmente quando falamos de Mulher-Hulk, série esta que esta causando sentimentos dúbios no público, tendo aqueles que a adoram e aqueles que detestaram. Contudo, independentemente do apreço pessoal de cada um, pode-se dizer que tivemos uma das melhores criações da Marvel Studios até o presente momento. A série, que começa de forma um pouco tímida e totalmente previsível, aos poucos se desenvolve e em pequenos elementos como diálogos sobre seu próprio papel na sociedade e algumas situações típicas para uma mulher é que temos o verdadeiro coração da série. Sua história, que pode ser facilmente definida dentro de seu começo, meio e fim, em uma construção mais do que padronizada pela Marvel, mas a série brilha não no que está nos contando, mas em sua leitura um tanto quanto pessoal de seus personagens e consequentemente o carisma de cada um bem como na sua interpretação do que é o Universo Cinemático da Marvel (UCM).
Mesmo oferecendo um entretenimento divertido, há críticas de todos os tipos envolvendo a série, desde o tipo de desenvolvimento praticado para com a personagem principal, Jennifer Walters até a forma de (re)apresentação de outros personagens. Contudo, como destacado anteriormente a própria descrição da série nos explica que estamos diante de uma série sobre a “complicada vida de uma mulher solteira de trinta e poucos anos que por acaso é uma hulk superpoderosa de 2 metros”. Outras críticas comuns incluem o quão rasa a série soa, ausência de profundidade, descaracterização de personagens e personagens estereotipados, entre tantas outras coisas. Qualquer telespectador que acompanhe o UCM ou tenha crescido assistindo aos filmes da Marvel Studios, não precisa necessariamente ser muito inteligente ou uma mente brilhante para entender a proposta básica da série, afinal ainda estamos falando de uma série de televisão feita para todos os públicos. Entretanto, é em sua aposta de tratar do cotidiano de uma mulher advogada que está em busca de seu grande triunfo. Mesmo que inicialmente alguns diálogos soem forçados (o que não é estranho ou defeito em se tratando de um sitcom), a série ultrapassa a caricatura e aborda com sensibilidade e sutileza muitas coisas.
Uma rápida leitura através da seção de comentários de qualquer artigo ou vídeo sobre Mulher-Hulk, inevitavelmente apresentará diversos comentários reclamando sobre a Marvel ter se tornado “woke” (expressão em inglês que vem sendo usada como gíria para descrever a consciência social em relação a questões como racismo, sexismo, homofobia, entre outros tipos de lutas e causas), ou que as “feministas estão vencendo” ou como elas “totalmente fariam as mesmas reclamações se fosse um cara”. Mesmo antes de um único episódio ir ao ar, já havia uma pequena comoção contra Jennifer Walters fazendo sua estreia no UCM. Mas apesar de reclamações prévias – ou, talvez mais precisamente, apesar disso – Mulher-Hulk é uma boa série.
Percebe-se que muitas pessoas esperavam um derivado de Incrível Hulk, o relegado filme de 2008 com Edward Norton, com lutas épicas e brutalidade. Porém Mulher-Hulk, seguramente, não ser apenas um derivado do Gigante Esmeralda que lhe empresta o título, assim o é na televisão e assim sempre foi nos quadrinhos, seja com o John Byrne seja com a também ótima e pouco comentada fase do Dan Slott a frente da personagem. Inclusive esse talvez seja o elemento de maior força, já que junto de Agents of S.H.I.E.L.D., Mulher-Hulk é a série que melhor entende o que é ser uma adaptação de quadrinhos, sem medo e completamente autoconsciente de seu papel.
Grande parte dos instrumentos narrativos de linguagem e também metalinguagem que os escritores de Mulher-Hulk se utilizaram são interessantes justamente pelo sentimento de realidade provocado e o quão relacionável os acontecimentos são com o mundano. Autoconsciência, inclusive, é uma palavra que define a série. Mulher-Hulk aborda com a leveza adequada para a idade limite do show e sem perder a essência, problemas enfrentados por mulheres todos os dias, seja pela exigência social nos trabalhos, seja pelo medo de uma mulher andar na rua à noite, ou seja, pelo constante controle no comportamento para evitar ser tratada como uma pessoa destemperada ou descontrolada. Para além de sua estrutura interna, como narrativa e direção, os diretores, produtores e roteiristas de Mulher-Hulk também entendem suas limitações, seja o valor empregado para o CGI, como também os limites intrínsecos ao próprio UCM na chamada “Fórmula Marvel” e o que vem sendo feito e alcançando números cada vez maiores em suas bilheterias de cinema.
A série encanta seja pelo carisma da atriz Tatiana Maslany que interpreta uma Jennifer Walters consistente, real e muito querida, seja nas ótimas e pontuais partições do Mago Supremo, Wong (Benedict Wong), e do emblemático Demolidor (Charlie Cox), seja na introdução das personagens da Titania (Jameela Jamil) e da Madysinn (Patty Guggenheim). A série se explora com calma e inova dentro dos padrões do Universo da Marvel, evoluindo a cada episódio e mesmo quando aparentemente reduz a qualidade consegue se recuperar e trazer um bom entretenimento. A série de streaming atinge um equilíbrio perfeito e consegue trazer uma história sensível, com humor, charme e inteligência genuínos. Por vezes, com um humor pouco sarcástico e ácido mas, ao mesmo tempo, que não se constrange ao fazer piadas óbvias e necessárias.
Ao final, a série se mostra como o acúmulo de camadas que a Marvel Studios vem construindo com o UCM desde 2008, porém numa tentativa da produtora-executiva e roteirista Jessica Gao e da diretora e também produtora-executiva Kat Coiro de expandir a Marvel, em sua estrutura. Temos aqui a primeira produção que de fato se desafiou e parece ter desafiado até esmo Kevin Feige, ao abordar, mesmo que apenas no seu subtexto, questões como sexo, misoginia e sobre o que é ser mulher.
A quem não viu, fica a recomendação. Quem viu e não gostou, tudo bem, faz parte não gostar de tudo, contudo essa é a série que melhor se experimentou no UCM e expectativas erradas podem atrapalhar a experiência.
O Review
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Verdade seja dita, eu assisti os cinco primeiros minutos do primeiro episódio e pronto. Acabou. Não tive paciência. Credo. E nem digo ela. Nunca gostei da personagem mesmo. Meu problema é com o que fizeram com o resto. O Hulk mesmo está intragável. Pelo amor de Deus.
Verdade seja dita, eu assisti os cinco primeiros minutos. Depois já era. Acabou.
A maneira com que os personagens masculinos são tratados e horrível. Nada a ver.
Pra ser ruim tem q melhorar mto, é só mais um lixo da péssima fase 4 da Marvel
Pablo, será que todo mundo que faz sua crítica é porque “não entendeu” ? Será que essa é a melhor desculpa para o fracasso de uma série lacradora? Culpar os fans?
Na época, a criadora da última versão woke das Panteras, também culpou o público pelo fracasso do filme. Essa atitude, me parece uma tentativa de ocultar os motivos reais da crítica; o grande público não gosta de panfletagem política, principalmente quando é forçado.
A série não é ruim, é péssima só o primeiro capítulo que foi maravilhoso, depois uma decadência sgi, horrível filho do Hulk horrível com aquele cabelo tosco. Assisti a série toda com a esperança do próximo capítulo ser bom e sempre decepcionante.
A série não é ruim, é uma desgraça. Quem assistiu a todos os episódios com total certeza está com problemas de vista.
Por que será que todos os “jornalistas” de mídia sempre dizem que o que é ruim é bom, e a culpa é do público que assiste? Mesmo a imensa maioria dos espectadores gostando de um monte de porcaria que a TV e o cinema lhes enfia goela abaixo, será que o que esse mesmo público abomina não seria simplesmente ruim demais?