Escrita por Phillip Kennedy Johnson (PKJ) e ilustrada por Fernando Blanco, Dark Crisis: Worlds Without a Justice League – Green Lantern #1 é mais uma edição tie-in com a premissa de mostrar como são os “mundos” criados por Pária para cada um dos integrantes da liga após a derrota e aprisionamento de seus membros.
E aqui nós temos uma história focada em John Stewart, lanterna que ganhou muito destaque na última encarnação da revista da tropa pelas mãos de Geoff Thorne, que já manifestou publicamente seu amor pelo ex-fuzileiro e se dedicou a levar o herói a um novo patamar, não só de poder, mas também de relevância e notoriedade.
Nessa versão de um mundo que representa não só os sonhos, mas sim materializa tudo aquilo que é a essência do personagem, John está aposentado da Tropa dos Lanternas Verdes, de forma que todo o universo é patrulhado por uma equipe elite formada por ele e denominada The Watchtower.
A história abre com uma história sendo contada, a história de John Stewart, o fuzileiro, o lanterna, o guardião. Aqui PKJ já posiciona John no universo, ele é uma lenda, histórias são contadas sobre ele.
E aqui a equipe criativa tem um objetivo muito claro, nos mostrar ou até mesmo relembrar que John é e sempre foi o Lanterna Verde perfeito.
Primeiro de tudo um militar, alguém que tem visão estratégica, tática, um líder humano, alguém que sabe tomar decisões e carregar o peso da liderança. Mas não só isso, John é um arquiteto, alguém que não é um destruidor, mas sim um construtor. Alguém que enxerga algo que ainda não existe e, do vazio, constrói maravilhas.
Se Hal é o maior lanterna verde por seus feitos como o sucessor de Abin Sur, se Kyle foi o herói improvável que iniciou uma nova era, John sempre será a escolha ideal, aquele sempre será merecedor do anel.
E todo o universo é construído ao redor da visão que PKJ tem do personagem e de seus valores.
Em sua aposentadoria vemos John cuidando de uma fazenda com sua mãe e sua irmã, em um painel que referencia e homenageia a primeira aparição do Superman no Reino do Amanhã.
Um herói que mesmo depois de todos os sacrifícios, ainda está alerta, que mesmo tendo o desejo de só viver em paz, ele sabe em seu íntimo que ele pode ser necessário e que ele vai atender
Então quando em batalha espacial, a Watchtower enfrenta um inimigo que se aproxima da terra, um inimigo que supera as forças da tropa, um pedido de socorro é enviado e John o atende, afinal ele é o Guardião, aquele que defende, que protege.
Nesse ponto novamente encontramos pontos de contato com o Reino do Amanhã. Mesmo o design não sendo original dessa edição, a forma de Guardião de John Stewart lembra muito a caracterização de Alan Scott dada por Waid e Ross.
Para eles o Lanterna Verde seria um Cavaleiro Esmeralda que vigia a Terra do alto de sua torre de comando, um paralelo que pode ser traçado com John Stewart não só visualmente mas também por exercer essa mesma função.
E aqui PKJ reforça mais um dos elementos que formam esse elemento heroico, que se liga com os conceitos não só do personagem, mas da saga de um modo geral, que é a batalha sem fim.
Sempre haverá uma nova batalha para enfrentar, sempre haverá uma nova guerra para travar e o papel do herói, do fuzileiro é atender ao chamado sem qualquer fração de dúvida.
Mérito para Fernando Blanco na condução narrativa da história que, mesmo em um número reduzido de páginas conseguiu inserir todos esses elementos trazendo peso não para o status de John Stewart como Guardião, mas também para seu nível de poder.
Blanco acerta na magnitude das cenas de ação assim como insere de maneira natural as referências aos clássicos, como na ambientação que nos remete àquela concebida por Mark Waid e Alex Ross.
O Resultado final é uma edição sólida que evoca, de maneira extremamente competente, a essência do personagem, fixando o personagem como um dos heróis mais importantes e relevantes do panteão do Universo DC. Uma leitura que não expande os conceitos da Dark Crisis, mas que se consolida como uma história que respeita a mitologia dos Lanterna Verdes e dá o devido destaque para aquele que cada vez mais se torna o Lanterna Verde da vez.