O Batman pode ser feliz? Essa pergunta e a perspectiva em que a questão é abordada talvez sejam os principais aspectos que aproximam e, ao mesmo tempo, afastam a narrativa de Chip Zdarsky de seu antecessor Tom King.
Enquanto King sustentou que Bruce não só poderia mas que deveria e que a Mulher-Gato seria o elemento central para que o heróis alcançasse essa felicidade.
Zdarsky, por outro lado, leva a questão para o outro extremo. Bruce jamais poderá ser feliz, a felicidade não é uma escolha que ele não pode fazer, mas como também é algo intrínseco ao seu fardo.
Com essa conclusão, Bruce então muda a perspectiva para seus parceiros, a bat-família.
Bruce vê seus parceiros como uma consequência que ele jamais poderia prever. Eles os vê como um grupo de jovens que não só assumiram para si a missão do Batman, mas que o fazem de ainda melhor que seu mentor, pois eles podem ser felizes.
O Autor deixa claro o orgulho que Bruce tem de seus protegidos de forma que até soa como se não os merecesse. Esse orgulho, entretanto, não pode ser exteriorizado, ele deve ser sempre duro, exigente, ou então eles podem falhar e morrer.
Toda essa introdução é para mostrar sob quais aspectos a equipe criativa por trás dessa nova fase está construindo seus alicerces.
Um Batman que, ao mesmo tempo que entende que sua missão não pode ser atrapalhada por relacionamentos ou sentimentos, não consegue controlar um único sonho, ou melhor, um pesadelo, a morte de sua família com a cidade pegando fogo ao fundo.
O elemento sonho parece ser um tema que Zdarsky quer trabalhar com o personagem, seja na perspectiva simbólica, de um objetivo futuro que se entrelaça com o subtexto de felicidade, seja na forma do literal processo que durante o sono.
É no meio de tudo isso que o vilão desse arco é introduzido.
Failsafe é um robô rápido, forte e incansável, que se mostra capaz de superar todo o espectro de habilidades e truques que o homem morcego tem ao seu dispor.
Não se mostram claros os objetivos ou diretrizes sob as quais Failsafe age, porém Bruce parece saber algo sobre o vilão, algo há muito esquecido.
E mesmo sem ter a noção completa de o que é e qual o limite de suas habilidades, Batman sabe que precisará colocar em ação seus próprios mecanismos de segurança para enfrentar esse desafio.
Ao final dessa segunda edição temos o pontapé inicial do que será o conflito imediato do personagem, bem como continua construindo o tom que a narrativa deve tomar à longo prazo.
Vale destacar que Zdarsky optou trazer elementos de outros momentos do herói como conceitos da fase de Grant Morrison e histórias de Mark Waid, o que cria uma interessante relação entre os 3 últimos grandes “runs” do Batman.
E tudo embalado com a estonteante arte de Jorge Jimenez que claramente está muito confortável tanto na condução narrativa quanto na concepção dos personagens.
Alguns podem se incomodar com a diferença de densidade entre as duas primeiras edições. Enquanto na primeira parte muitas pontas são deixadas para serem trabalhadas, a segunda parte quase que inteiramente se foca em uma demonstração prática das capacidades do novo vilão.
Se esse “afunilamento” é proposital para que os ramos da histórias sejam trabalhados individualmente no futuro ou se apenas foram sementes lançadas ao vento com a expectativa de que algo floresça, ainda é cedo para dizer, mas os ganchos se mostram interessantes o suficiente para manter confiança de que possa ser mais uma memorável fase do personagem.
O Review
Promoções
Nós coletamos informações de várias lojas para lhe passar as melhores ofertas