Em 1956, Franz Bardon escreveu que “Sem a escuridão, a luz não só seria irreconhecível, como não poderia existir”. Nesse mesmo ano a DC Comics lançava a primeira edição da revista Showcase que, poucas edições depois, apresentaria para os fãs os primeiros heróis que carregavam consigo o legado de seus antecessores: Hal Jordan, o Lanterna Verde e Barry Allen, o Flash.
Em 1956 os dois fatos acima não tinham qualquer relação e sequer aconteceram no mesmo continente, mas 66 anos depois, os dois conceitos se unem naquela que é a mais nova iniciativa da Editora, intitulada Dark Crisis.
Capitaneada por Joshua Williamson, a nova Crise da DC Comics se apresenta com a premissa de que a Liga da Justiça está morta e a Grande Escuridão (ou Grande Besta do Mal, como já foi chamada), após décadas de maquinações, decide enviar sua maior ofensiva contra a Terra-0, reunindo o seu Dark Army, liderados por Pária (lembra dele da Crise nas Infinitas Terras?), que irá ameaçar não só o lar dos super-heróis, mas todo o Omniverso.
Mas em meio a tantas Crises, o que diferencia essa de tantos outros mega-eventos? A resposta para essa pergunta passa pelas mãos e mente de Williamson, que não tem sido não só o arquiteto da nova fase dos maiores heróis do mundo, mas também tem se mostrado uma enciclopédia do Universo DC.
Williamson já se mostrou como um apaixonado pelos heróis da DC Comics. E essa paixão não se limita à Trindade ou à Liga da Justiça, mas sim se estende por tudo que o Universo DC foi, é e pode ser.
Dito isso, voltamos aos conceitos iniciais de Dark Crisis: o confronto Luz x Escuridão e o Legado do Heróis, elementos que foram sintetizados na primeira página da 1ª Edição da Saga.
A luz que irrompe das sombras e que se torna mais visível e necessária na medida que a escuridão se torna mais densa e absoluta. Essa mesma luz que sela o juramento daquele que viria a ser o maior legado das histórias em quadrinhos.
Heroísmo e Legado. Dois conceitos que, durante muito tempo, estiveram perdidos em decorrência de alguns movimentos editoriais.
Com a virada do pré-flahspoint para os novos 52, algumas coisas ficaram fora de seu lugar.
Se o heroísmo estava enfraquecido com um Superman que pouco tinha do símbolo heróico de outrora, o que pode-se dizer do legado?
Wally West e Donna Troy nunca existiram e Dick Grayson, em que pese tivesse sido o primeiro Robin, jamais havia liderado os Titãs que tiveram uma encarnação que, com todo respeito as equipes criativas, sequer arranharam a superfície da equipe que era o estandarte do legado dos heróis.
E é aqui que Williamson funda o seu vilão principal, ao amarrar todas as pontas da cronologia e escancarar seus movimentos, a Grande Escuridão é a responsável por todas as Crises até aqui vividas, de Antimonitor ao Dr. Manhattan.
Williamson, ao falar sobre a saga, disse que Dark Crisis é uma carta de amor ao crescente Universo DC, aos heróis e suas relações construídas pelas histórias que nós entregaram durante décadas.
Essa nova crise vem para consolidar o conceito de “tudo conta, tudo importa”. Nada está fora da cronologia, nada vai ser descartado ou esquecido, nenhum legado será apagado.
E tão importante quanto resgatar o passado e estabelecer o presente, é pavimentar o futuro. E é nesse aspecto que Dark Crisis promete ditar os novos caminhos do Universo DC.
Sempre que um novo herói é criado ou assume um manto, existe um movimento de resistência por parte dos leitores que têm certa dificuldade em abandonar aquilo que já lhes é tão familiar (a Marvel sofreu desse mal com Sam Wilson, Riri Williams e Jane Foster).
E Williamson entende que o futuro não é feito apenas dos heróis que compõem o panteão da Liga Justiça, mas também da nova era de heróis que se forma com Jon Kent, Yara Flores e Jace Fox.
E por isso, abrir espaço para que esses heróis possam mostrar o seu valor e honrar o legado que carregam é o passo a ser dado não só para que o Universo DC cresça mas para que novas histórias e novas relações sejam construídas.
Ao final das 7 edições pode ser que Dark Crisis seja mais um mega evento como tantos outros que já existiram e que irão existir, mas a decisão de abraçar o passado e abrir espaço para um futuro com cada vez mais heróis e mais histórias, talvez seja a forma de fazer essa chama do universo de super heróis brilhar ainda mais intensamente e por mais tempo.
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