Em maio deste ano perdemos George Pérez. E isso me fez pensar muito antes de escrever esse texto, não sabia por onde deveria começar, o que eu poderia dizer sobre uma das pessoas mais importantes no meio dos quadrinhos que vocês já não soubessem? Seus anos de carreira, participação nos eventos mais famosos, os quadrinhos mais aclamados, nada me parecia o suficiente para descrever uma figura tão importante. Então, pensei no amor, o amor que nos move e nos une em prol de um mesmo objetivo, seja ele qual for… nosso amor pelos quadrinhos, arte, filmes, e por todo esse universo da cultura pop em geral.
Me lembrei de uma entrevista que assisti de George na Amazing Con Las Vegas de 2019. Apesar de eu não ser o tipo de pessoa que assiste a todas as entrevistas e procurar saber tudo sobre a vida dos artistas, essa entrevista em si, me chamou atenção. Ela poderia ter começado com perguntas sobre suas grandes obras, seus últimos ou futuros trabalhos, mas não, a primeira pergunta foi: Como você conheceu e se apaixonou por sua esposa? A princípio, pensei que foi algo atípico e que fugia do tema, mas logo descobri que ali tinha uma grande história.
Com toda sua simpatia, dentro de suas camisas coloridas, George conta que em dado dia um amigo falou sobre uma garota que conheceu, estava empolgado e disse que George precisava conhecê-la. Eles se deram muito bem, ele ficou encantado, mas não pôde fazer nada mais, pois assumiu para si que aquela era a namorada de seu amigo, ex amigo.
Um tempo se passou e o amigo lhe pediu um favor, pediu a George que encontrasse Carol e descobrisse o que havia de errado, e como um espião, ele foi ao seu encontro. Então, ela o encontrou e confessou que se apaixonou por ele no primeiro momento que o viu, e que esperava o momento que pudesse tomar uma atitude a respeito (George Pérez, quadrinista talarico).
Ficaram noivos no mesmo ano, se casaram no ano seguinte e hoje já estão juntos a 40 anos, o que talvez seja mais do que a idade de alguns de vocês que estão lendo essa história, eu inclusive. Ele conta que os dois se dão muito bem e fazem tanta questão da presença um do outro que em evento de dança, onde Carol passaria 3 dias, ela parou e disse: não posso ficar aqui, sinto falta do meu marido. 38 anos depois, eu ainda sinto falta do meu marido. Lindo, né?
O quadrinista diz que Carol faz todas as suas blusas e que não consegue nem pensar em ir a um evento sem vestir uma das blusas de Carol Flynn. Suas icônicas blusas coloridas e com estampas, são todas feitas por ela.
E por quê essa, logo essa história me chamou atenção? Bom, porque ela o aproxima de seu lado humano, e não só do grande artista, com quadrinhos famosos ao redor do globo. Todos nós um dia, quando deixarmos essa terra (esperamos que não em uma crise nas infinitas Terras) iremos deixar um legado, e a importância desse legado é relativa, será diferente para cada um de nós e para cada pessoa que nos cerca e nos ama. Deixar um legado de amor duradouro e verdadeiro, infelizmente será para poucos, e poucos o terão vivenciado.
Esse legado, também será um legado de amor ao seu trabalho, uma paixão e dedicação pelo que fez e transferiu a todos nós com muito profissionalismo e carinho. Me lembro que quando era mais nova pensava que todas as histórias da Mulher Maravilha eram dele, pois as que tive acesso na época tinham seu nome, bobo né? Engraçado lembrar disso depois de adulta e perceber que da maioria das histórias da personagem são as dele que sempre me lembro, que trouxeram uma característica que pra mim sempre foram muito chamativas, como dar ênfase aos Deuses gregos para recontar as origem de Diana, algo que só veio me chamar atenção novamente nos mais “recentes” quadrinhos do Brian Azzarello ( Novos 52).
Enfim, todos nós vamos ter guardados com muito carinho uma lembrança desse grande homem e de tudo que ele nos presenteou nos mais de 30 anos de carreira. Para concluir, deixo aqui pra vocês a minha história preferida que teve as mãozinhas talentosas de George Pérez, a confusa e cheia de polêmicas Crise nas Infinitas Terras. Qual a sua?