Tom King é famoso por abordar o psicológico de seus personagens, algumas vezes tendo sucesso absoluto como em Visão, Senhor Milagre e algumas vezes uma falha absoluta como em Heróis em Crise, mas ele sempre teve um sucesso maior quando se trata do Homem de Aço, todas as histórias que o mesmo escreveu para o personagem são emocionantes, mas sem perder o fantástico, boa parte da graça do Superman são as possiblidades infinitas que acompanham o personagem, adicionando isso a dramas pessoais, temos a fórmula do sucesso para as histórias dos personagens.
Voando por Aí, escrito por Tom King e desenhado por Chris Burnham, é tie-in da saga “Dark Crisis”, em que a Liga da Justiça é transportada para uma espécie de prisão da felicidade. Essa história, especificamente, aborda o mundo quase perfeito para o Superman, um mundo onde Jon não teve um crescimento precoce e seu pai conseguiu acompanhar o desenvolvimento e evolução de seu filho.
Chris Burnham é um contador de histórias de marca maior, todo o cenário da história remete a algo mais clássico como os quadrinhos de décadas passadas, mas de alguma forma ele consegue juntar isso a algo moderno e até meio misterioso e brutal, potencializando o roteiro em momentos de tensão com as expressões absurdamente lindas durante a história, além de conseguir transmitir muito bem a vastidão que é o mundo do ponto de vista do Superman e Superboy.
Eu, particularmente, nunca me importei muito com a evolução precoce do Jon, claro que perdemos um leque de possibilidades e o personagem se tornou uma porta sem carisma, mas eu acredito que tudo que precisamos são de escritores interessados em tornar o personagem algo além do Clark, alguém diferente. E Voando por Aí explora Jon tentando encontrar o seu caminho enquanto confronta Clark, se inspirando em seu pai ao mesmo tempo que se torna algo próprio que, talvez, supere seu pai, talvez não, é um mistério e isso é um drama interessante. Os sentimentos de Clark sobre o crescimento do Jon são muito bem transmitidos em página, o medo que o pai tem de seu filho se machucar ao deixar a criança ser livre, é um medo genuíno e muito bem escrito.
Tom e Chris entregam uma história emocionante do Superman e Superboy, abraçando o infinito que somente esse personagem pode proporcionar enquanto explora conflitos que todas as pessoas se identificam – conflitos pessoais. Uma história que ainda será lembrada e comentada por muitos anos, um clássico instantâneo.