Onde John Byrne e Chris Claremont colocavam as “mãos” (roteirizando e desenhando), dava caldo! Diferente do Japão, onde magakás participam de todo o processo na confecção de uma obra, nos EUA os quadrinhos são feitos por duplas ou trios criativos. Seja no roteiro, desenho, cores ou arte-finalização, a produção envolve muitas mãos.
Existiram algumas exceções como Jim Starlin, Frank Miller e Jack Kirby, por exemplo, que cuidavam também de toda a elaboração de uma HQ. Mesmo que, tradicionalmente, Eisner e outros medalhões da cultura estadunidense já o fizessem, todo esse trabalho artesanal foi mudando com os anos, até chegar ao modelo atual de produção. Dentre os citados, talvez o que mais se destaque seja Byrne, cuja arte e roteiro representam um grande marco para o universo da Nona Arte. Seja para os fãs ou para a indústria, sua contribuição é aclamada até hoje, a ponto de qualquer republicação anunciada esgotar no mesmo ano em que é lançada.
Depois dos medalhões (X-men, Quarteto Fantástico e Mulher-Hulk), agora chegou a vez da Tropa Alfa. Equipe “terciária” do panteão mutante da Marvel, que não possui mutantes. Explico! Em vez de plagiarem a equipe que eles próprios popularizaram no início dos anos 1980’s, os X-Men, decidiram, em 1983, criar uma equipe governamental com poderes místicos (Sasquatch), avatares da natureza (Pássaro da Neve), possessões demoníacas (Pigmeu), cientistas (Guardião e Vindix), nativo-americanos (Xaman e Zuzha Yu) e os gêmeos (únicos mutantes do grupo) Jean-Paul Beaubier (Estrela Polar) e Jeanne-Marie Beaubier (Aurora). Inicialmente, a equipe foi criada para justificar a origem canadense do Wolverine, tanto que a primeira aparição da equipe se deu em uma missão, na revista dos X-Men, para “resgatar” (lê-se sequestrar) o mutante mais famoso do planeta, das garras dos temíveis discípulos de Xavier e do governo estadunidense.
Apesar da popularidade da qual a dupla criativa usufruía na grande década para os quadrinhos de super-heróis, a equipe do Círculo Polar Ártico fez relativo sucesso: teve uma série longeva, que encerrou em 1994 (11 anos), e duas continuações (1997 e 2004) por outros autores. Grande parte do material ainda permanece inédito no Brasil, sendo que a equipe nunca teve revista própria por aqui.
Porque vale a pena!
Apesar do formato parrudo e monstruoso, essa é a oportunidade de conhecer, na íntegra, não só a origem do grupo, mas toda a fase escrita e desenhada por seus criadores. Como qualquer outro omnibus, o preço desse também não é convidativo. Custando R$ 294, 90, ele terá 752 páginas do “puro suco” dos anos 1980’s. O material será lançado em novembro, e condensará as edições de Alpha Flight 1-29 e Secret Wars II. Infelizmente, é imperdível só para quem pode.