James Tynion saiu do armário das grandes ideias e está se tornando um grande nome no quesito quadrinhos de suspense. Após o sucesso de “Something is killing the children”, outros quadrinhos autorais do autor começaram a ganhar notoriedade entre o público, caiu na boca do povo.
Já está se tornando um vício para mim conhecer os trabalhos autorais dos artistas antes conhecidos por suas obras na Marvel/DC, a cada descoberta uma surpresa sensacional sai da caixinha, e acrescento um novo autor preferido na lista. Com James Tynion está sendo assim também, e aos poucos trarei resenhas de seus trabalhos autorais que estou curtindo no momento, hoje vamos falar de The Closet, uma obra de James Tynion (The Nice House on the Lake, Wynd) , com arte de Gavin Fullerton (Bog bodies e BAGS – or a Story Thereof)
Sabe aquela velha histórias de “tem monstros no meu armário”? Aquela que também pode ser substituída por “tem monstros embaixo da minha cama”, então, às vezes os devaneios são reais, e podem estar mais próximos do que se imagina.
Thom está prestes a se mudar com a família para uma nova cidade, lá ele espera que tudo seja diferente, uma oportunidade de recomeçar e jogar para baixo do tapete os problemas antigos: fracassos que gostaria de esquecer, os problemas conjugais e os intermináveis e incessantes pesadelos de seu filho Jamie. Mas, às vezes é impossível deixar certas coisas para trás, elas sempre encontram um jeito de perseguir você, para onde quer que você vá…
Devo lembrar que nos filmes de terror, os problemas sempre começam quando a família se muda para uma nova casa? Bom, só um lembrete.
Thom, como “ótimo pai” e “ótimo marido”, resolveu atravessar o país de carro com o filho enquanto a esposa ia na frente para resolver as pendências necessárias. A ideia inicial era criar boas lembranças, fazer o pequeno Jamie se esquecer dos horrores que havia presenciado, fazê-los ficarem no passado. Mas, os monstros dos pesadelos de Jamie, insistem em acompanhá-lo, não importa o quão longe já estejam se distanciando da velha casa.
Se você tem filhos, há de concordar que não basta criar expectativas sobre o que queremos que nossos filhos sejam. No final, tudo que fazemos, como fazemos e o que dizemos a eles, serão os grandes responsáveis por boa parte do que vai formar aquele pequeno ser humano. Thom, queria que tudo fosse diferente, uma nova vida, nova casa, dentro de um “velho Thom”. Ouçam seus filhos, levem seus medos a sério, nunca se sabe quando aquele medo pode ser real.
Após os percalços da viagem, os desabafos de Thom sempre apontavam para um mesmo culpado. Ao chegar na casa nova, a única certeza que fica clara é: seus medos seguem você!!
Aqui, James Tynion cria uma trama que além de um suspense, se torna em um drama familiar, e o que antes era uma história de terror, acaba nos deixando em dúvidas se, assim como no Scooby-Doo, os verdadeiros monstros são os seres humanos. Um trauma pode ser convertido em muitas situações reais, sensações físicas e manifestações psicóticas oriundas de um estresse pós-traumático.
O quadrinho, apesar de não haver citações do autor a respeito, tem um plot que faz lembrar da trama do filme Babadook, de 2014 da diretora Jennifer Kent. Até onde o seu subconsciente pode te levar? Observe esse trecho do artigo Herança expressionista no horror contemporâneo: A Materialização do trauma em Babadook, de Gabriel Perrone Mestre em Cinema e Audiovisual.
“Pode ser visto como uma obra que trata da materialização do sofrimento pela ótica subjetiva da protagonista, se manifestando externamente como uma doença somatizada pela interiorização da dor. Assim, o filme retoma uma das características mais importantes do movimento: a abstração, que nasce da inquietação do sujeito que ao aterrorizar-se com fenômenos do mundo físico, acaba por reformulá-los em sua mente, atribuindo-lhes outro visual e contexto. Badbadook, portanto, oferece ao espectador camadas de leitura com um monstro que é ameaça e, ao mesmo tempo, fruto das ameaças da psique humana.”
Brazilian Journal of Development : Herança expressionista no horror contemporâneo:Amaterialização do trauma em Babadook – Artigo completo AQUI
James deixa essa pulga atrás da orelha do leitor, com um final aberto, mas que gera grandes indagações posteriores à leitura. Seria Thom um familiar desastroso, atraindo consequências assustadoras, ou acontecimentos sobrenaturais realmente rondam esta família em The Closet? Deixe sua opinião pra mim! E nos vemos na próxima leitura!! Até! 😉
O Review
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Você escreve maravilhosamente bem. Me deu uma baita vontade de ler.
Muito obrigada <3 O quadrinho é muito bom, mas confesso que poderia ter uma edição final, devido ao suspense em torno do problema ser grande, aí no final tem um final aberto. haha Se ler, me fala o que achou.
Foda demais, mina! Arte e roteiro incríveis! 😉
Maravilha, né amigo? Tô curtindo demais os trabalhos do Tynion 🥰