Um dos autores mais influentes e prolíficos dos anos 1970 e 1980 estará no Brasil em 2022 para mais uma CCXP (Comic-Con Experience). Trata-se de um grande ícone não só do passado, mas de um “relativo” presente também, e vou explicar porque.
Jim Starlin (James P. Starlin) começou como quem não queria nada, finalizando algumas artes de artistas do Homem-Aranha – talvez por isso ainda sinta bastante carinho pelo personagem –, para depois assumir os desenhos de diversos títulos até seu ápice, quando desenhou e roteirizou a revista O Invencível Homem de Ferro. Daí pra frente é história: repaginou o Capitão Marvel (visual e conceitualmente); ampliou a mitologia do Amigão da Vizinhança introduzindo a participação dos Lorde Caos e Mestre Ordem; revolucionou o melhor personagem da Marvel (em minha opinião, claro), Adam Warlock; e… criou Thanos!
O vilão teve um começo de carreira humilde como mero antagonista do ricaço Anthony Stark. Um plano diabólico aqui, uma maracutaia ali, outra falcatrua acolá, mas nada muito substancial. O vilão intergaláctico que conhecemos hoje, tanto nos quadrinhos quanto no MCU, o titã louco, demorou alguns anos para ser construído dessa maneira. Claramente teve Darkseid como inspiração (estética e personalidade) – não só ele, na verdade, mas todo o panteão do Quarto Mundo serviu de base para a criação de Star Fox, Mentor, Pip, Serpente da Lua, Gamora, Maxam e toda a Guarda do Infinito. Apesar da inspiração declarada (não, plágio), hoje Thanos goza de mais popularidade que o senhor de Apokolips.
Toda essa trajetória foi sendo construída aos poucos, e sempre na presença dos heróis. O grande pivô dessa relação inicialmente foi Mar-vell, que teve seus poderes ampliados pela crono-entidade Eon (ou Epoch, dependendo da adaptação), que concedeu-lhe o dom da consciência cósmica. Na sequência, o antagonista passou a ser Adam Warlock, em três encarnações (a segunda forma, durante a saga na Contra-Terra; a forma Magus; e depois como líder da Guarda do Infinito). Mas retornemos ao ex-capitão kree para relembrarmos o momento mais marcante da história do personagem – e da história pessoal do autor também –: A morte do Capitão Marvel. Considerada uma espécie de exorcismo ou expiação ao falecimento de seu pai, nos anos 1980’s, o evento foi tão importante que houve uma espécie de pacto, celebrado tacitamente (acredito eu), entre Starlin e a editora. O personagem nunca mais retornou – salvo algumas aparições que trouxeram Mar-vell do passado! O manto foi passado para Genis-Vell, seu filho, já que a Ms Marvel da época era apenas uma versão feminina do personagem, e não uma encarnação (como é hoje).
Ainda nos anos 1980’s, depois de dar um fim digno ao “verdadeiro Capitão Marvel” (trocadilho com Shazam), ele escreveu, para a DC, a Odisséia Cósmica, história magistralmente desenhada por Mignola. Saga que reverberou pelo universo da editora concorrente e trouxe um desfecho trágico para o Lanterna Verde da época (que fazia parte da Liga), John Stwart, tanto que os acontecimentos mencionados são sentidos até hoje — mesmo com o G. Johns tentando desfazer o ocorrido, como fez com toda a mitologia dos Lanternas quando assumiu os roteiros. Como se não bastasse, ainda na mesma década, ele criou, para o selo Epic, o personagem Dreadstar, inspirado em si mesmo e no arquétipo do Arqueiro Verde, como uma espécie de um Robin Hood intergaláctico. Alguns anos depois a publicação migrou para outras editoras, e atualmente está em hiato – na promessa de ser continuada entre 2023 e 2024. A série chegou a ser publicada aqui no Brasil pela Abril, Globo e Mythos.
E durante os anos 1990’s não fez feio: popularizou ainda mais sua criação máxima (Thanos) na aclamada Trilogia do Infinito e em todas as suas continuações. Em suma, o tributo prestado no evento será mais do que merecido, já que, ao longo da sua trajetória, também contribuiu para outras publicações como Conan (desenhando), Batman (desenhando e roteirizando) e Autorithy (roteiros), por exemplo. Ele estará no Artists’ Valley da CCXP deste ano. Excelente oportunidade não só para conhece-lo, mas para autografar os materiais que você já possui (ou que comprará durante o evento).
E ai, vai levar o que? Já decidiu?
Só esqueceu de dizer o nome na matéria do Jim Starlin
Lapso corrigido, jovem Eduardo! 😉
Parabéns Rafa! Ótima matéria, bem infrmativa até para quem não acompanha o autor, vc escreve muito bem.
Bondade sua, minha jovem!