Um dos gêneros mais explorados em diferentes mídias, conhecido por apresentar uma grande gama de camadas e temas que transitam entre a catástrofe, destruição mas que é capaz de falar sobre amor, honra e vitória, revelando um olhar mais brando. Um gênero que carrega um peso de dualidade e complexidade, que permeiam o belo e o horror, presente nas relações humanas.
Podemos citar como características principais no gênero Guerra:
O horror da guerra trazendo cenas chocantes e intensas incluindo a morte em batalha, ferimentos de soldados e civis, e as consequências humanas da guerra, cenas de combate e ação, experiências de guerra e etc.
Ainda podemos citar como tema constante e tema de diversas obras a experiência da guerra que explora como a guerra afeta os indivíduos que participam desse cenário, e que gosto de classificar em em duas categorias pois as marcas da guerra se apresentam de forma diferente para os civis (homens, mulheres e crianças comuns) e os soldados envolvidos diretamente no conflito. Para os soldados a trama pode ser trabalhado em dois tipos de narrativas – na experiência desde o treinamento até o conflito ou no pós-conflito, abordado as consequências emocionais e seus traumas psicológicos (nada impede de ter mais linhas ou trabalhar essas duas em conjunto, como acaba ocorrendo em algumas obras cinematográficas).
Uma das característica que são predominantes e sem dúvida atrai o público para esse gênero são as cenas de ação e “Cenas de combate”. As cenas de ação são marcadas pela intensidade e são elas as responsáveis pelo êxtase e por elevar a emoção do público trazendo cenas de grande impacto e atrelando a novos elementos como uso de táticas, conflito armado e a violência, muitas vezes visceral.
Nas Cenas de combates envolvem o ápice visual com a presença de combate armado, combates corpo-a-corpo além de apresentarem (Era moderna) aviões, tanques de combate, navios de guerra e armas poderosas de destruição como recurso, como bombas nucleares. Geralmente são nessas cenas que se apresentam outros recursos, no caso do cinema temos o uso da câmera lenta quando o propósito é frisar a destruição e o caos e ressaltar aspectos reflexivos sobre ela, ou usar seu elemento inverso criando outra sensação com a câmera rápida focando na ação, resposta do personagem etc., além do uso do Slowmotion criando um aspecto de confusão, impacto para além – todos esses recursos podem ganhar novos tons dependendo do enredo da obra e a visão do diretor.
Vamos a um passeio rápido por obras e mídias e claro ver como os autores e diretores trabalharam dentro do gênero:
» A Guerra nos cinemas
Através do brilhantismo de Steven Spielberg, um dos meus diretores favoritos temos dois dos principais filmes contemporâneos do gênero, O Resgate do Soldado Ryan (“Saving Private Ryan”) e A Lista de Chindler (“Schindler’s List”), ambos filmes que mostram a Segunda Guerra Mundial de forma intensa e realista.
Enquanto A busca pelo Soldado Ryan apresenta em sua trama principal a busca por um soldado sobrevivente em terras inimigas, trabalha também as relações humanas e a diversidade cultural com a equipe do Capitão John Miller composta por soldados de diferentes origens e personalidades, cada um com suas próprias histórias e motivações diante das dificuldades, violência, perigos e coisas típicas do gênero além de ressaltar a lealdade e a camaradagem entre a equipe e a força que esses laços possuem na sobrevivência.
Podemos destacar nos trabalhos de Spielberg as características:
Cenas de ação, horror da guerra, camaradagem, experiência de guerra através dos olhos dos soldados, a luta pela sobrevivência, etc.
» A Guerra na Literatura
Um autor que se destacou nos útimos anos foi Bernard Cornwell, com livros que se concentram em períodos históricos marcados por guerras, é um autor conhecido por suas obras históricas precisas e detalhadas e pela pesquisa minuciosa garantindo enredos precisos e fieis à época em que se passam, resgatando a característica da experiência da guerra além do mérito de criar personagens cativantes e complexos como Uhtred da aclamada série Crônicas Saxônicas, um guerreiro saxão que luta pelo seu lugar na Inglaterra dos séculos IX e X.
Além das Crônicas Saxônicas que traz como temática principal a luta pelo poder e pelo seu lugar na sociedade, Cornwell também é autor de outras séries de livros históricos, como a série Sharpe, que acompanha a história de um soldado inglês durante a Guerra das Duas Rosas.
Podemos destacar nos trabalhos de Cornwell as características além das já citadas acima:
A luta pela sobrevivência, reflexões a respeito da guerra, táticas de combate, combate armado e combate corpo a corpo, o horror da guerra, perdas materiais e pessoais e a violência visceral.
» A guerra nos quadrinhos
No universo dos quadrinhos temos uma infinidade de obras que abordam as experiências de guerra como soldado como no caso do Capitão América, durante a segunda Guerra Mundial tornando-se simbolo de patriota do Estados Unidos, como temos o outro lado. Maus de Art Spielgman é um quadrinho autobiográfico onde o autor traz as memórias da Segunda Guerra Mundial e o Holocausto contando a vida do pai em um campo de concentração. Uma das obras mais fortes e que nos relembram com força e impactante dos horrores da guerra e do extermínio do povo Judeu, longe da glamourização ou do patriotismo cínico revelando a capacidade de destruição e a perda da humanidade.
Podemos destacar no trabalho de Art Spielgman as características:
Traumas, sobrevivência, experiência da guerra através de olhos civis, horror da guerra, destruição.
Notas:
Vale destacar que as vezes o nome “guerra” pode aparecer intitulando de uma obra mesmo que não se enquadre nas características pontuadas acima, mas acabam adentrando em uma temática diferente como a guerra psicológica ou batalha moral, sendo o termo “guerra” usado como metáfora resgatando algumas características comum ao tema como “dificuldade de uma experiência”, “impactos físicos e mentais de uma experiência estressante”, etc.
Alguns temas que variam e que não foram citados no texto acima também podem compor o gênero, como a liderança, patriotismo, tensão mental, covardia, traição, crescimento pessoal etc.
Um dos nomes marcantes do cinema do gênero são David Griffith e Abel Gance, diretores que de fato estiveram no front filmando durante a guerra sequências de batalhas encenadas nos arredores de Londres.
Outras obras cinematográficas que merecem menção são:
» O ato De Matar – 2012
» Circulo de Fogo ( Enemy at the Gates) – 2001
» Além da Linha Vermelha – 1998
» Apocalypse Now – 1979
» Rosa da Esperança – 1942
Referências e Inspirações
Griffith e Gance no Front | Paisagens do Fim < https://www.paisagensdofim.com/griffith-e-gance-no-front >
BARBOSA, Nelson Alves. Cinema – Arte, Cultura, História. Rio de janeiro,2007.
Indicação de leitura < https://www.planocritico.com/critica-rosa-de-esperanca/ >