Mais um mês se passou e mais perto estamos da Crise.
Seguindo os eventos da última edição, Williamson nos entrega uma sólida trama envolvendo todos os aspectos do que foi a morte da Liga da Justiça e a queda da Torre Titã.
Talvez um dos maiores méritos da narrativa empregada tanto pela escrita Joshua Williamson quanto pela arte de Daniel Sampere, seja quantos aspectos dos eventos conseguem ser trabalhados ao mesmo tempo.
Em poucas páginas, é possível não só ver a consolidação dos eventos construídos nas últimas edições como uma movimentação, ainda que cadenciada, da trama para os próximos passos.
E aqui sinto que é necessário fazer algumas considerações.
Sabíamos muito pouco sobre quais seriam os contornos da saga quando ela foi anunciada e se iniciou. Havendo a criação de um “Dark Army” composta pelos maiores vilões da Liga Justiça, talvez fosse de se esperar que o arco tivesse mais momentos de estrondosos combates.
Porém, chegamos na “metade” da série e não houve nenhum confronto nas épicas escalas que poderia se esperar. Na verdade o que ocorreu foi o exato oposto, são 3 edições que realmente se apegaram ao conceito de mostrar as consequências da morte da Liga da Justiça.
Williamson me parece, de maneira premeditada ou não, estar emulando o ritmo e enfoque que Wolfman e Pérez deram à Crise nas Infinitas Terras, uma história que se propunha a explorar os eventos e consequências dos atos do Antimonitor, sendo que somente em seus momentos finais nos entrega o grande choque entre as forças do bem e do mal.
A equipe criativa, divide a narrativa de forma que podemos acompanhar todas frentes em que os eventos pretéritos se apresentam.
São apresentadas as consequências do ataque de Slade, em especial sua ofensiva contra o Mutano. Uma montagem que deixa claro o peso do que aconteceu, uma derrota moral e traumática que evoca nos Titãs seus piores dias.
Em paralelo, a nova Liga da Justiça liderada pelo Adão Negro tenta se colocar nos eixos mas ainda de maneira vacilante, de maneira insegura.
Enquanto se perguntam se o combate aos diversos incidentes ao redor da Terra tem surtido efeito e se não deveriam ficar em proteger seus familiares e pessoas queridas, os jovens heróis são colocados à prova pelo seu líder.
Adão Negro sustenta que a Liga deve torturar e matar o recém capturado Conde Vertigo, para não só adquirir informações mas também transmitir um sinal para os vilões do Exterminador.
E aqui Williamson busca reforçar o ideal heróico, confirmar o posicionamento ficcional desses heróis ao colocar o clássico dilema da morte do vilão em frente dos heróis em formação.
Aqui o Autor está nos dizendo, por meio da visão de mundo do Adão Negro, que esses novos herói podem ser “melhores” podem fazer o que a Liga nunca fez, cruzar a linha que poderia encerrar a guerra e amedrontar os vilões.
E a resposta vem exatamente no tom daquilo que a equipe criativa quer criar desde a gênese da Crise.
Ao se posicionarem de forma veemente e absoluta contra as ideias do “anti-herói” os heróis mostram que o legado não está apenas em um título ou em um uniforme, mas sim num legado de valores.
Porém ainda havia um gosto amargo de que as ações da Liga ainda não eram suficientes, de que eles ainda não seriam suficientes como a chama brilhante que guiaria a humanidade.
E é nesse exato momento que novamente Williamson amarra seu narrativa, já que no momento em que a chama do heroísmo trêmula frente aos acontecimentos recentes, somos surpreendidos com a aparição da Sociedade da Justiça.
A Sociedade que sim se mostra como uma inspiração, que sim é uma entidade mentora dos heróis e que sim são mais uma representação geracional do Legado dos Heróis.
Por fim, a trama segue com o arco dos Lanternas Verdes em que Hal Jordan e a tropa conseguem acesso ao covil do Pária por meio da Bateria Energética da Tropa dos Lanternas Negros.
A investida da tropa esmeralda revela que a essência de cada herói da Liga, transformada em um pequeno planeta de energia, está sendo mantida pelo vilão como uma forma de arma.
Considero que Willianson e Sampere têm apresentado um excelente trabalho narrativo ao conseguir explorar tantas frentes em tão poucas páginas.
O propósito narrativo da série se mantém coesa e fiel, as decisões têm consequências. A morte da liga continua sendo sentida pelo Universo DC.
Dark Crisis continua sendo uma interessantíssima experiência de leitura e, pelos próprios rumos que a Editora têm adotado, promete cada vez mais ligações com a Crise original, que venham os próximos meses.
O Review
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