Robin sempre foi um dos meus personagens favoritos, existia algo na história de um garoto que se vestia igual a um arco-íris para lutar contra o crime que sempre brilhou meus olhos. Não sei dizer se foi o visual marcante ou a coleção de momentos emblemáticos que o personagem coleciona ao longo dos anos, eu realmente não sei, mas eu adoro. Em particular sempre tive um interesse genuíno no Damian Wayne, o pirralho insuportável criado pela Liga dos Assassinos para ser o maior assassino de todos, podemos discutir que todo seu arco inicial é uma metáfora trans que o Morrison colocou na trama tornando o personagem alguém com mais dimensões. Apesar de ser o Robin com maior evolução como Robin, ele cai em algo que eu carinhosamente apelidei de síndrome de Peter Parker, que consiste em os escritores e leitores, não importando o quanto o personagem tenha evoluído e amadurecido, jogam toda a sua evolução fora apenas para trabalhar o mesmo arco novamente, o garoto insuportável amadurecendo e se tornando alguém de verdade, nós vimos esse mesmo arco com esse mesmo personagem durante décadas e é aqui que tudo muda.
Robin aborda Damian indo investigar um torneio secreto ligado ao liga das Sombras, em que se torna um participante e tem que matar para se tornar o vencedor. A surpresa? É que ninguém realmente morre nessa ilha e a história aos poucos vai explicando todos os mistérios da trama.
Robin de Joshua Williamson (Dark Crisis, Flash), junto do ilustrador Gleb Melnikov, conseguem dar um passo à frente na mitologia do personagem, trabalhando o lado detetive do Damian e não seu lado Demônio (ao menos não nesse início). Criando uma leva nova de personagens interessantes e carismáticos, que somam de maneira natural à trama. Robin é o melhor quadrinho relacionado ao núcleo do Morcego saindo nas bancas por não prometer nada e entregar tudo, temos ótimos momentos entre os personagens e uma análise interessante de como a mente de todos esses jovens com históricos problemáticos, envolvendo assassinato e destruição (vocês sabem, o de sempre), funciona. Williamson consegue nos tornar íntimos desse grupo em pouquíssimas páginas, o design de Gleb ajuda a tornar o elenco de coadjuvantes ainda mais único mesmo que já tenhamos visto centenas de personagens iguais.
Apesar da arte do Gleb ser ótima nas expressões dos personagens e enquadramentos, eu acho que ele falha nas cenas de ação e, como estamos falando de um quadrinho que é um torneio de luta, isso acaba por ser algo que dificulta. Outro problema da história, mas esse pouco mais a frente, é mirar muito alto e criar um evento ligando três títulos e não explorar isso muito bem, como eu disse, o quadrinho brilha na simplicidade e o Williamson acabou por complicar demais em determinado ponto.
Em resumo, Robin é uma ótima história de super-herói, mas brilha mesmo quando aborda todos os personagens e suas nuances, trabalhando conceitos do passado, enquanto finalmente marcha para frente o futuro desse personagem odiado por muitos e amado por poucos.